- abrigo

«se queres um escudo impenetrável, permanece dentro de ti mesmo»

Monday, January 27, 2014

A carta que nunca será enviada.



Quantas vezes não olham para trás e pensam se deviam ter feito as coisas diferentes? Quantas vezes pensas que a vida te prega partidas? Quantas vezes achas que já estava na hora de "abrires a pestana" naquele exacto momento? Quantas vezes te iludiste em momentos e conversas? 
Quando somos novos vivemos tudo há flor da pele, puxamos o mais intenso das emoções, demonstramos tudo por uma simples prova de carinho, seja de um amor ou amizade. A vida faz-nos crescer, toma conta de nós como uma máquina de lavar roupa, com voltas e voltas até te enjoar e lavar as ideias, sentimentos. 

A carta que nunca será enviada.

Tudo o que se passou até aquele dia foi uma vida, foi muito esforço e sofrimento da minha parte. Sonhei imenso e sei que te fiz sonhar por momentos também. Amei com a força que tinha, o mais que pude, mas não foi suficiente. Apesar de tudo gostava que soubesses que não guardo rancor, que fizeste bem em deixar-me, cada um seguir o seu caminho. Guardo com o maior dos carinhos todos os momentos que passámos juntos, serás sempre o meu primeiro amor e o único em Portugal. A vida separou-nos, ou eu separei, talvez fosse assim o destino, a ambição levou-me mais longe. Não faz mal pois não me arrependo de nada até ao dia de hoje. Não me arrependo de ter sido o que quer que seja que fui. Não me arrependo de te ter amado. Não me arrependo dos esforços nem choros. Não me arrependo das brincadeiras, beijos ou até mesmo do Algarve, (já sei do que gosto, ahahahah). Não tenho ressentimentos nem dúvidas do que sinto neste momento, tenho sim perguntas sem resposta. Isso tenho. Vou ter sempre porque o meu cérebro não pará. Sempre fui e serei uma mulher forte, com determinação e poder no meu nome do meio, e sabes que nunca me deixei levar por menos, talvez um dos meus grandes defeitos para quem está comigo. Eu sinto que isso é uma das poucas qualidades boas que eu sei que tenho e não estou disposta a abdicar disso. A tua família foi a minha por muito tempo e eu gosto tanto deles como da minha. Seja como for éramos um casal feliz até eu partir. Arrependimentos não pagam dívidas e eu não me arrependo, mesmo que queira não consigo. O meu coração diz que valeu a pena, que gostar de ti me fez bem há alma. Ao dia de hoje despeguei realmente de ti, saber que poderás ser namorado de alguém faz-me sentir bem, faz-me sentir que estás feliz. Nunca na minha vida te desejei mal nem o irei fazer. És um amigo, um amigo com quem eu nunca mais falarei. Crescermos juntos era o destino e cada um seguir a sua vida era o final da história. As memórias nunca partiram e terei sempre a história do meu primeiro amor para contar ás minhas filhas, a Maria e a Madalena, seja como for esses são os meus nomes, os que eu realmente gosto. Espero que no final de tudo não me guardes rancor, não guardes uma ideia errada de mim, porque sabes como eu sempre fui contigo, sabes os momentos maus mas os bons sempre superaram isso. Sempre dei o melhor de mim, pelo menos tentei. Espero realmente que sejas feliz, que a vida te leve onde queres ir, que os sonhos te elevem mais alto, que a cabeça tenha juízo e não faças disparates para a tua saúde. Espero que encontres alguém que te ame ainda mais do que eu algum dia fiz.  Obrigado por sete anos.

Eras o meu melhor amigo e no dia de hoje somos dois estranhos que se conhecem tão bem como a palma da mão. 

Adeus, Margarida

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