- abrigo

«se queres um escudo impenetrável, permanece dentro de ti mesmo»

Monday, June 23, 2014

love


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Fomos muito bons amigos quando andávamos na mesma turma, 8/9 ano acho eu. Nunca tive problemas contigo e no meio de tantos de quem não gostava e que de mim não gostavam sempre me cumprimentas-te sem problema. Já tinha visto que tinhas vindo para os USA mas nunca disse nada. Hoje, assim que comentas-te a minha fotografia pensei em falar contigo e saber como estavas. No desenrolar da conversa as minhas palavras acabaram por ser «A mim não me custou assim partir, ahahaah. Eu adoro esta vida aqui e a vida que ficou em Portugal ficou lá praticamente.» eu disse isso, erro meu né? A tua resposta foi automática e a apontar o dedo, marcar um ponto. A tua resposta foi exactamente isto «Mas na altura tinhas namorado.» A partir daí não respondeste mais ao que disse. Apontar o dedo é fácil não é? Ninguém sabe do porquê por detrás de tudo isso. Ninguém sabe o porquê da minha partida. Ninguém sabe o peso que tiveste na minha decisão, ninguém sabe o que perdes-te naquela viagem e o sofrimento que me causaste. Ninguém sabe que fui tua noiva por 6 meses, ninguém sabia dos planos que o futuro reservava. Apontar o dedo à rapariga que veio embora por escolha própria, que deixou o namorado atrás sem pensar duas vezes, coração de pedra. Julgar e apontar o dedo é tão fácil que até mete dó. Eu devia não me preocupar mais com isto, devia ser capaz de ignorar, mas isto ultrapassa-me e ultrapassa o meu olhar na sociedade. Nunca fui nem tão pouco serei, (muito menos agora), bem vista aos olhos desses todos e sinceramente apavora-me a ideia de ir a casa e ter de lidar com isso. Mil cenários já se criaram na minha cabeça e não gosto de nenhum. Odeio saber que ninguém sabe a verdade, que julgam que parti de cabeça fria e de coração de pedra, odeio que me vejam como egoísta e desonesta, mas nada posso fazer para mudar isso. A única pessoa que alguma coisa pode dizer, não o faz, o rabinho entre as pernas e boca fechada para não ouvir bocas de outros tantos.
Eu não me esqueço do teu olhar vazio naquela madrugada, dos teus lábios nos meus e das promessas que me fizeste assim que virei costas. Não me esqueço também de que quebras-te tudo em Dezembro da maneira mais tua que podia existir. Isso ninguém sabe, tenho a certeza de que a justificação não passou de que eu parti, a distancia matou e o meu mau feitio acabou com o resto. Só é pena que certas coisas fiquem assim, injustificadas, por muitos anos. Apontar o dedo é mesmo fácil, e eu compreendo até. Uma coisa eu sei, duas pessoas sabem da verdadeira história. Eu e tu. 

Outro assunto hoje que caiu em conversa é os namoros nos dias de hoje. O facebook tá repleto disso, namoros vazios sem sentimento algum. Promessas de amor eterno assim como pedidos de casamento com fogo de artificio e tudo quando se namoram à literalmente 2 semanas. Amor é uma palavra que nos dias de hoje é apenas dita e não sentida. Nunca vi uma coisa assim, a facilidade com que dizem «eu amo-te», repete tu que lês, repete em voz alta, - Eu amo-te!- não é uma palavra tão pesada e sentida? No meu sentido, no meu coração e no meu viver isso só se diz quando tens plena certeza de que isso acontece. Não entendo os namoros dos dias de hoje assim, que vão e vêm todos os dias. Antes de fazerem promessas de amor eterno deviam conhecer a pessoa primeiro, amar! Amar os defeitos e feitios, amar os dias bons e os dias maus, amar as birras e os sorrisos. O amor não é perfeito de todo, nenhuma relação é, e isso implica esforço e dedicação. As miúdas meias despidas e vaidosas por não terem uma ponta de amor próprio, os rapazes cada vez mais desavergonhados e machões, cheios de swag e a cagar mania. Amo-te é tão mais difícil de dizer que I love you, parece tão mais leve em inglês não é? Português tem destas coisas, tal como Saudade, uma palavra sem tradução possível e assim como Amor, sem explicação. 

2 comments:

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    1. Só não sabe quem nunca perguntou o que realmente aconteceu e se limitou a apontar o dedo ;)

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